Elvira Souza Lima
A obra Neurociência e Aprendizagem, de Elvira Souza Lima, é um mergulho profundo na relação entre o funcionamento do cérebro e os processos educacionais. A autora apresenta uma visão abrangente de como a neurociência pode revolucionar a prática pedagógica, oferecendo insights valiosos sobre como aprendemos, como nos desenvolvemos e como a escola pode se tornar um espaço mais eficaz e inclusivo.
O Cérebro como Centro da Aprendizagem
O cérebro humano é uma máquina complexa e altamente plástica, capaz de se adaptar e se reorganizar ao longo da vida. Essa plasticidade é a base da aprendizagem, permitindo a formação de novas conexões neuronais e a criação de memórias. A neurociência mostra que o cérebro não é estático; ele se transforma constantemente em resposta às experiências e ao ambiente.
A aprendizagem, portanto, não é apenas um processo cognitivo, mas também biológico. Quando aprendemos algo novo, como uma língua ou um conceito matemático, estamos literalmente remodelando nosso cérebro. Isso significa que a educação deve ser planejada considerando como o cérebro funciona, desde a infância até a vida adulta.
A Função Simbólica e a Linguagem
Um dos pilares da aprendizagem humana é a função simbólica, que nos permite usar símbolos para representar ideias e conceitos. A linguagem, tanto oral quanto escrita, é um exemplo claro disso. A autora explica que o desenvolvimento da linguagem envolve áreas específicas do cérebro e que a prática constante de leitura e escrita fortalece essas conexões.
Aprender a ler e a escrever não é apenas uma questão de decodificar símbolos, mas de compreender e atribuir significado a eles. A neurociência revela que a leitura envolve múltiplas áreas cerebrais, incluindo aquelas responsáveis pela visão, audição e memória. Isso reforça a importância de uma abordagem multissensorial no ensino da leitura e da escrita.
O Papel das Brincadeiras e da Cultura
Na infância, as brincadeiras e as atividades culturais desempenham um papel crucial no desenvolvimento cognitivo. Cantigas, parlendas e jogos não são apenas divertidos; eles estimulam áreas do cérebro que serão essenciais para a aprendizagem formal. Por exemplo, brincadeiras que envolvem ritmo e melodia ajudam a desenvolver habilidades que serão usadas na leitura e na matemática.
A autora destaca que a cultura é constitutiva do ser humano. Desde cedo, as crianças são imersas em um universo simbólico que molda sua forma de pensar e aprender. A escola, como instituição cultural, tem a responsabilidade de integrar essas práticas ao processo educativo, tornando a aprendizagem mais significativa e conectada à realidade dos alunos.
Emoções e Aprendizagem
As emoções são parte integrante do processo de aprendizagem. O sistema límbico, responsável pelas emoções, está diretamente envolvido na formação de memórias e na atenção. Emoções positivas, como a curiosidade e o entusiasmo, facilitam a aprendizagem, enquanto emoções negativas, como o medo e a ansiedade, podem bloquear o acesso ao conhecimento.
A autora alerta para o impacto das emoções no ambiente escolar. Alunos que se sentem ameaçados ou desmotivados têm mais dificuldade para aprender. Por isso, é essencial que os educadores criem um clima emocional positivo em sala de aula, onde os alunos se sintam seguros e encorajados a explorar novos conhecimentos.
Atenção e Memória: Pilares da Aprendizagem
A atenção é um fator chave para a aprendizagem, pois permite que o cérebro filtre e processe informações relevantes. No entanto, a atenção não é linear; ela é dinâmica e pode ser treinada. A autora sugere que os educadores devem “educar a atenção” dos alunos, ajudando-os a desenvolver habilidades de concentração e foco.
A memória, por sua vez, é o resultado da formação de redes neuronais. Para que uma informação seja armazenada na memória de longa duração, ela precisa ser revisitada e reforçada várias vezes. Isso significa que a repetição e a prática são essenciais para a aprendizagem, mas devem ser feitas de forma contextualizada e significativa.
Um Caso Prático: Superando Dificuldades de Aprendizagem
A obra apresenta um estudo de caso de um aluno com sérias dificuldades de aprendizagem, que não conseguia reconhecer letras visualmente. Aplicando conhecimentos da neurociência, os educadores descobriram que o aluno era capaz de identificar letras pelo tato. A partir dessa descoberta, foi desenvolvido um plano de intervenção que integrou o tato e a visão, permitindo que o aluno progredisse significativamente em sua aprendizagem.
Esse caso ilustra a importância de uma abordagem multissensorial e personalizada no ensino. Cada aluno tem um perfil único de aprendizagem, e a neurociência pode ajudar os educadores a identificar e trabalhar com essas diferenças.
Conclusão: A Neurociência como Aliada da Educação
Elvira Souza Lima defende que a neurociência pode ser uma aliada poderosa para os educadores, fornecendo uma base científica para entender como o cérebro aprende e como os professores podem adaptar suas práticas pedagógicas para maximizar a aprendizagem dos alunos.
A obra reforça a ideia de que a educação deve considerar tanto os aspectos biológicos quanto culturais do desenvolvimento humano. Ao integrar os conhecimentos da neurociência à prática pedagógica, os educadores podem criar ambientes de aprendizagem mais eficazes, inclusivos e transformadores.
Obra completa no link: https://drive.google.com/drive/my-drive?hl=pt-br